Grupo holandês desiste de comprar fatia da Odebrecht na Braskem; ações da petroquímica tombam 19%

A Braskem informou em fato relevante que sua controladora, a Odebrecht , e o grupo holandês LyondellBasell encerraram as negociações para venda da fatia da empreiteira ao grupo estrangeiro. O fim das conversas estaria relacionado a diversos fatores, mas, principalmente, à insegurança jurídica em torno da situação financeira do grupo Odebrecht. Após a notícia, as ações da Braskem abriram em queda de 19,51%, cotadas a R$ 33,17.

Em comunicado publicado no site da empreiteira, a Odebrecht afirmou que a decisão de encerrar as negociações foi tomada de comum acordo. ” A Odebrecht gostaria de agradecer à cooperação das equipes da Braskem e da LyondellBasell durante esse processo”.

A nota diz ainda que a Odebrecht, “como acionista controladora da Braskem, seguirá empenhada em identificar e perseguir alternativas que agreguem valor à sua participação na empresa, em linha com a estratégia de estabilização financeira do Grupo”. 

A Odebrecht tem 50,1% das ações com direito a voto na Braskem. A Petrobras é a segunda maior sócia da empresa, com 47% do capital votante. Em julho de 2016, a Odebrecht deu todas as ações que possui na petroquímica em garantia para cinco bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, BNDES e Santander).

Na semana passada, a empreiteira anunciou que seu braço para produção de etanol, a Atvos, tinha entrado em recuperação judicial. O temor é que o mesmo ocorra com a holding. Na nota enviada ao mercado, a Braskem diz que “a administração da companhia seguirá em busca de oportunidades que tenham o potencial de agregar valor à Braskem e, consequentemente, a todos os seus acionistas”.

As conversas entre a Odebrecht e a LyondellBasell foram anunciadas em junho de 2018. Se tivessem prosperado, a transação teria criado a maior empresa global do setor petroquímico, líder na produção de resinas plásticas, usadas na fabricação de itens como brinquedos, baldes, autopeças e até fraldas. Hoje, a liderança do setor é da chinesa Sinopec.

Na época, os papéis da Braskem saltaram mais de 20%, a maior alta desde a criação da empresa, em 2002. A venda da participação da Odebrecht resolveria dois problemas de uma só vez: engordaria o caixa da empreiteira, que passa por dificuldades financeiras, e abriria caminho para que a Petrobras vendesse sua fatia da petroquímica.

Pelo acordo de acionistas, a Petrobras poderia exercer seu direito de preferência e vender sua participação ao grupo holandês. A estatal vem se desfazendo de negócios com o objetivo de levantar recursos para se concentrar na exploração e produção do pré-sal.

As ações que a Odebrecht possui na Braskem cobrem dívidas de mais de R$ 12 bilhões. A recuperação judicial da Atvos acaba causando riscos em toda a estrutura do grupo, pois os bancos podem executar as garantias.

A Odebrecht é investigada pela Lava-Jato e fechou acordo de leniência com o governo. A Braskem também fechou acordo de leniência com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União  (AGU) na última sexta-feira. A empresa se comprometeu a pagar R$ 2,87 bilhões até janeiro de 2025.

Fonte: O Globo