Fraudes do setor bancário acontecem também em jogos e apostas on-line, afirma Serasa
Considerando as pessoas que fizeram algum tipo de aposta on-line no último ano, no Brasil, apenas um em cada dez afirma ter sido vítima de golpe. Esse número, no entanto, triplica entre os apostadores frequentes. Desses, 31% relatam ter sofrido fraudes, segundo uma pesquisa feita pela Serasa Experian. Vazamento de informações pessoais e bancárias e acesso indevido a contas são os problemas mais comuns.
Entre aqueles que já foram vítimas de fraudes em sites e aplicativos que ofereciam apostas ou jogos de azar on-line, um quinto teve as informações pessoais usadas para criação de uma conta em seu nome. Pedro Moreno, gerente executivo de Prevenção à Fraude da Serasa Experian, diz que o cenário de fraudes se assemelha às práticas que existem no setor bancário.
— É um movimento de fraudes muito parecido com o que a gente vê em telefonia e bancos — avalia o especialista. — No caso dos bancos, a criação de contas com dados alheios são as chamadas “contas laranjas”, que é quando uma pessoa abre uma conta no banco e vende para o fraudador cometer crimes, como para receber dinheiro do golpe do Pix. A causa e o uso nas casas de apostas são diferentes, mas a fraude é similar.
O vazamento de dados foi o tipo de fraude citada por quase metade dos entrevistados. O relato de 28% é de que as informações do cadastro foram usadas em outros sites e apps enquanto 20% apontaram vazamento dos dados financeiros. O acesso indevido a contas é citado por 34% dos apostadores.
— O principal golpe é o uso de dados de forma indevida e a invasão de conta, justamente porque uma prática comum que existe no mercado (de bets) é a venda de contas negativadas — explica Moreno. — Os apostadores compram contas que tiveram perdas porque a taxa de ganho tende a ser maior. Eles buscam a conta negativada porque a chance de retorno é maior.
A avaliação do especialista é que as regras definidas pelo Ministério da Fazenda para o setor devem reduzir a prática, já que a regulação exige que os jogadores sejam identificados por documentos e sistema de reconhecimento facial com prova de vida.
Retorno financeiro é maior motivação
O levantamento da Serasa Experian, feito durante o mês de agosto, entrevistou 2.008 pessoas que fizeram apostas esportivas em sites ou apps nos 12 meses anteriores, de todas as regiões do país e com mais de 18 anos. Metade dos entrevistados afirmou que desconhecia as regras de regulamentação.
O estudo mostra ainda que o retorno financeiro, e não o entretenimento, é a principal motivação para mais da metade (54%) dos brasileiros das classes C e D que apostam em bets. Entre os mais ricos, o percentual é de 34%. O estudo também indica que 10% dos brasileiros com renda menor enxergam a atividade como investimento.
A regulação para o setor proíbe que ações de publicidade e propaganda promovam as apostas on-line como um meio de enriquecimento ou como uma modalidade de investimento. Entre todas as classes, a maior parcela (47%) diz que aposta por causa dos prêmios e apenas um quarto joga por lazer.
Entre os apostadores, 35% afirmaram que perderam mais do que ganharam com apostas esportivas, enquanto 31% ganharam mais vezes. Quando questionados sobre o que fizeram com o dinheiro, 31% apostaram novamente, e 29% disseram que usaram o prêmio para pagar dívidas.
De onde saem as apostas
O estudo também mapeou de onde vem o dinheiro usado nas apostas. A maioria (51%) separa uma parte do salário para apostar, enquanto 23% dizem que reduzem ou eliminam gastos do dia a dia para jogar. Outros 23% retiraram recursos da poupança, de investimentos ou de uma reserva de emergência para jogar, percentual que chega a 31% entre os entrevistados da Geração Z.
— O que vimos, de uma forma geral, é que os apostadores gastam em média 10% da renda mensal com apostas esportivas — diz Pedro Moreno, gerente executivo de Prevenção à Fraude da Serasa Experian.
A pesquisa também mediu o impacto das apostas no bem-estar e saúde. Seis em cada dez entrevistados dizem que não sentiram prejuízos, enquanto 20% dizem que deixaram a saúde em segundo plano após começar apostar. Um quarto dos entrevistados não sabem responder.
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