Contradições em negociação entre China e EUA esfriam clima de investidores
Após o Ibovespa alcançar novo recorde ontem na esteira do otimismo com uma potencial trégua entre China e EUA, já jogaram água no chope dos investidores.
A expectativa de que os países retirassem paulatinamente as tarifas impostas mutuamente sobre as importações esfriou após os EUA não confirmarem essa informação, dada ontem cedo pelo porta-voz chinês.
Sem consenso sobre essa primeira fase de um acordo comercial, os mercados financeiros globais podem voltar ao clima de aversão ao risco.
Após sucessivos recordes na bolsa brasileira e nos EUA, as contradições nos discursos de representantes dos governos de Donald Trump e Xi Jinping podem incentivar a realização de lucros.
Além disso, pesa no humor do mercado doméstico a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na noite de ontem, de derrubar a legalidade da prisão após sentença de segunda instância, abrindo o caminho para a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros condenados pela Operação Lava-Jato.
Lula solto?
Com a decisão do STF de barrar a prisão de condenados logo após a segunda instância, a defesa do ex-presidente afirmou na noite de ontem que pediria a imediata soltura do petista.
No meio jurídico, a expectativa é de que a solicitação seja atendida.
Assim que deixar a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente deve assumir o papel de principal opositor do presidente Jair Bolsonaro e planeja uma série de viagens pelo país, na tentativa de reaglutinar a esquerda, aproximar o campo progressista do centro e construir uma proposta alternativa de governo, com vistas à eleição presidencial de 2022.
Lula afirmou que sairá “mais à esquerda” da prisão do que quando foi preso, em abril de 2018, há 580 dias.
Reportagem de Cristiane Agostine, do Valor Econômico, informa que o primeiro destino do ex-presidente depois de sua provável soltura será a vigília com apoiadores, em frente à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Na sequência, o ex-presidente planeja fazer um ato político em São Paulo ou em São Bernardo do Campo, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Agenda
A agenda desta sexta-feira é esvaziada em relação a indicadores e eventos.
O principal destaque fica com o exterior, onde a Universidade de Michigan divulga, às 12h (de Brasília), a leitura final de outubro do índice de sentimento do consumidor dos Estados Unidos. A leitura anterior foi de 95,5 pontos e a expectativa é de leitura a 95,3 pontos.
Mercados internacionais
As bolsas da Ásia fecharam em queda com notícias contraditórias sobre a primeira fase do acordo comercial entre os países.
O índice Nikkei, do Japão, foi o único entre as maiores bolsas a fechar em alta, de 0,26%. Na semana, o Nikkei acumulou alta de 2,37%.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 0,70% no pregão, com alta de 2,03% na semana. Em Seul, o Kospi fechou com perda d 0,33%, com 2.137,23 pontos, com +1,76% na semana.
Na China, o índice Xangai recuou 0,49%, subindo 0,20% ao longo da semana, O índice Shenzen fechou em queda de 0,19% no dia e subiu 0,71% na semana.
Empresas
O Itaú Unibanco ultrapassou o Banco do Brasil e, pela primeira vez na história, assumiu a liderança no mercado de crédito do país. O banco privado fechou o terceiro trimestre com uma carteira de R$ 688,9 bilhões, acima do saldo de R$ 686,7 bilhões detido pelo concorrente estatal.
A BRF divulga hoje os resultados relativos ao terceiro trimestre, antes da abertura do pregão.
Pela manhã, a Ser Educacional divulgou um avanço de 35,5% no lucro do terceiro trimestre para R$ 23,8 milhões. A receita subiu 1% para R$ 288,9 milhões.
Após o fechamento estão previstos os resultados de Alpargatas, M. Dias Branco e Tecnisa. A IMC e a OSX programaram para divulgar os balanços hoje, mas não informaram em que momento do dia.
A Log-In, companhia de logística, informou hoje que fará oferta de 38 milhões de ações. Considerando o valor de fechamento de ontem, de R$ 20,23, a transação totalizaria R$ 768,7 milhões. A oferta depende da aprovação do aumento do limite do capital autorizado pelos acionistas da companhia em assembleia geral extraordinária, que será realizada em 12 de novembro.
O lucro do grupo de logística JSL cresceu 22,4% no terceiro trimestre, na comparação anual, para R$ 66,1 milhões, impulsionado pelo aumento da receita e do resultado operacional. A receita da companhia aumentou 18,6%, para R$ 2,45 bilhões, com o crescimento de quase todas as divisões de atuação da companhia. O maior avanço, em termos percentuais, foi da Movida, de 57,1%.
A realização de uma oferta de ações da Movida ajudou o grupo de logística JSL a reduzir a alavancagem no terceiro trimestre. O indicador, que mede a relação entre a dívida líquida e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), passou de 4 vezes no fim do segundo trimestre para 3,6 vezes no terceiro trimestre.
A Tegma Gestão Logística registrou lucro líquido de R$ 91,3 milhões no terceiro trimestre de 2019, valor que representa quase o triplo do lucro líquido de R$ 31,1 milhões apurados no mesmo trimestre de 2018. O resultado é o atribuído aos sócios controladores, base para a distribuição de dividendos.
A CVC Brasil registrou lucro líquido de R$ 79,5 milhões no terceiro trimestre de 2019, valor que representa uma queda de 3,6% sobre os R$ 82,5 milhões de lucro líquido apurados no mesmo trimestre de 2018. O resultado é o atribuído aos sócios controladores, base para a distribuição de dividendos.
A Energisa teve uma queda anual de 85,8% em seu lucro líquido atribuído aos acionistas controladores, que foi de R$ 34,5 milhões no período. O resultado foi afetado pelas distribuidoras Energia Rondônia e Acre (adquiridas da Eletrobras no ano passado) e por efeitos extraordinários. Excluindo as aquisições recentes, o lucro teria subido 33% em relação a 2018, segundo a companhia.
A Marisa Lojas registrou no terceiro trimestre um prejuízo de R$ 76 milhões, um aumento de 43% em relação à perda de R$ 53,1 milhões registrada no mesmo período de 2018. O resultado considera um efeito negativo de R$ 4,3 milhões da aplicação da norma contábil IFRS 16. Segundo a companhia, o resultado foi afetado por um efeito negativo de R$ 65,4 milhões de recuperação fiscais e não comparáveis entre os período. Além disso, a despesa financeira líquida subiu 92,2%, para R$ 38 milhões.
O tíquete médio da Ser Educacional recuou no terceiro trimestre, devido ao aumento da participação do ensino à distância (EAD) na base de alunos, de 12% para 19%, e pelo crescimento de bolsas e descontos. Na comparação anual, o tíquete médio recuou 7,3%, para R$ 594,87. No EAD, a queda foi de 4,7%, para R$ 225,82. No presencial, houve queda de 1,5%, para R$ 720,43.
Fonte: Valor Investe
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