Vandalismo: gasto para repor peças passa de R$ 226 milhões em menos de dois anos no Rio

O Chafariz dos Golfinhos na Praça Paris, na Glória, inaugurado em 1929, passou os últimos seis anos desligado. Após uma restauração, voltou a funcionar no início de setembro. E, de lá para cá, já foi depredado três vezes, alvo de criminosos em busca de cabos e peças do maquinário. Para manter o equipamento operando, foi necessário um gasto extra de R$ 30 mil. O vandalismo — que destrói o patrimônio público e privado, mas que também fere e mata, por pura incivilidade ou para cometer furtos — é tão intenso no Rio que a prefeitura instalou aparelhos de GPS em peças de metal muito visadas por ladrões espalhadas por áreas públicas. O objetivo é acompanhar o caminho desse material e chegar aos ferros-velhos onde é feita a receptação.

A reciclagem de um crime: do fio de cobre ao bueiro, o caminho percorrido pelos metais furtados Placas, imagens de santos e até cruzes: nem cemitério na Zona Sul escapa de ataques para furtos de peças em bronze

Por que o carioca depreda os bens coletivos? Estudiosos em ciências humanas dizem que a principal hipótese é o fato de a população não compreender que o bem público é de todos. Tamanho desrespeito subtraiu, só dos cofres da prefeitura do Rio, R$ 98 milhões entre janeiro de 2022 e outubro deste ano. Usados para reparos e ações voltadas a inibir os atos de destruição, esses recursos poderiam ser empregados na compra de 31 ônibus articulados para o BRT ou de 98 mil luminárias de LED para postes, ou ainda construir dez clínicas da família.

Um crime contra todos: vandalismo se espalha por todo o Rio

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Prefeitura anuncia instalação de GPS em peças metálicas, para chegar aos ferros-velhos receptadores; na foto, apreensão de 20 toneladas de fios de cobre — Foto: Divulgação / Fábio Costa / SEOP

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Os 1.155 km de cabos furtados de CET-Rio e da Rioluz equivalem a mais do que a distância do Rio a Porto Seguro (BA) — Foto: Divulgação / Fábio Costa / SEOP

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Estádio do Maracanã precisou instalar uma oficina para reparar a grande quantidade de cadeiras depredadas — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Maracanã: em 127 jogos, realizados em 2022 (ano todo) e 2023 (até 11 de novembro), 8.063 assentos foram depredados — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Custo com cadeiras vandalizadas no Maracanã é de R$ 2,6 milhões. Valor é repassado para clubes mandantes e entidades de futebol — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Assentos vandalizados (jan.2022-nov.2023) equivalem a 11,5% do total de 70 mil lugares do Maracanã — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Papeleiras destruídas são transformadas em “papões”, uma espécie de pá usada na varrição da Comlurb — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

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Por mês, 800 “papões” são produzidos na fábrica Aleixo Gary, da Comlurb, em Campo Grande — Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

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Comlurb testa papeleiras envoltas por concreto no Parque Madureira e no Méier; metade das 32 mil instaladas na cidade foram depredadas entre 2022 e 2023 — Foto: Divulgação / Comlurb

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Contêiner da Comlurb sendo carregado por homem pendurado em ônibus no Rio — Foto: Reprodução

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Em outubro de 2023, 35 ônibus foram incendiados em represália à morte do miliciano Faustão, sobrinho de Zinho, na Zona Oeste — Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

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Ônibus convencionais, BRTs e de fretamento foram consumidos pelas chamas no ataque — Foto: Domingos Peixoto

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Alçapões de ônibus estão entre os itens vandalizados nos coletivos — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Saída de Copacabana, Aterro do Flamengo e entornos de Jacaré e Maré são os pontos com maior depredação de ônibus, segundo RioÔnibus — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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Estátua de bronze do túmulo de Cláudio de Sousa foi furtada do cemitério São João Batista, em Botafogo, em novembro. A peça pesava 120 quilos — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

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Antes e depois do túmulo do ex-presidente da ABL Cláudio de Sousa — Foto: Adriana Lorete e Gabriel de Paiva

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Portão furtado do Mausoléu do Marques do Paraná nunca mais reapareceu — Foto: Hermes de Paula

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Antes e depois: túmulo da cantora Clara Nunes foi alvo de vandalismo — Foto: Geraldo Ribeiro

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Entre os monumentos vandalizados no Rio, estátua da mãe do marechal Deodoro da Fonseca foi furtada de monumento na Glória em 2020 — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo, 27-03-2023

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Estátua de Carlos Drummond Andrade, em Copacabana, teve seus óculos furtados mais de 10 vezes desde a inauguração, em 2002 — Foto: Leo Martins / Agencia O Globo

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Busto à ex-primeira-dama Sarah Kubitschek foi furtada em Copacabana em março de 2023 — Foto: Reprodução

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Bronze dá lugar à resina: projeto-piloto da Secretaria municipal de Conservação troca material da estátua a Orlando Silva, no Cachambi, após furtos — Foto: Divulgação

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Chafariz dos Golfinhos, na Glória, passou seis anos sem funcionar. Restaurado, foi religado em setembro de 2023 e, desde então, já foi depredado por três vezes — Foto: Divulgação / Secretaria municipal de Conservação

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Numa única noite, criminosos furtaram 67 papeleiras do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas — Foto: Comlurb / Divulgação

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À luz do dia, homem não se inibe. Pendurado na fiação da Avenida Edgard Romero, em Madureira, ele tenta furtá-la — Foto: Reprodução

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Em novembro de 2023, PM fez uma das maiores apreensões de cabos de telefonia da história. As 200 toneladas foram apreendidas em operação nos morros do Fallet, Fogueteiro e Coroa — Foto: Divulgação / PMERJ — Foto: Reprodução

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Na Região Metropolitana, despesas com o vandalismo passam de R$ 220 milhões no período entre janeiro de 2022 e outubro de 2023

Em igual período, somadas despesas com vandalismo em equipamentos de concessionárias de luz, água e transportes, do Maracanã e das prefeituras de Duque de Caxias (R$ 1,5 milhão anualmente, em média) e Nova Iguaçu (R$ 8,5 milhões, de janeiro de 2022 a outubro de 2023), o valor chega pelo menos a R$ 226,5 milhões. Mas o custo total da depredação é maior. Algumas empresas — como as de telefonia e internet, a MetrôRio, a Águas do Rio, além da JCDecaux e da Clear Channel (ambas responsáveis pela manutenção dos abrigos de ônibus do Rio) — não informam seus gastos com a reposição de material vandalizado, alegando serem de natureza privada.

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Em seu terceiro mandato, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, diz ter visto se multiplicarem os casos de vandalismo na cidade, um dos desafios de sua gestão.

— Estou impressionado como houve uma piora nos últimos anos. O BRT foi o que primeiro que me chamou atenção. Botamos ônibus novo, comprado com dinheiro público, e o sujeito deteriora seu próprio patrimônio. É inimaginável ver esse tipo de descuido com as coisas da cidade. E a conta cai nas costas da população — observa Paes. — Do balanço da pracinha, em que o galalau de 1,90m se senta, às papeleiras e à sinalização do trânsito, há descuido pela lei. Não consigo explicar a razão de o carioca vandalizar tanto. Acabo cometendo a grosseria de chamar de “porco”. A quantidade de sujeira que você encontra na areia depois de um dia de praia é inaceitável. É falta de educação, de punição.

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Efeitos da depredação são vistos na falta de luz, telefone, internet e sinais luminosos por conta do furto de cabos. E ainda em estátuas mutiladas por criminosos, que apagam parte da história muitas vezes para revender pedaços de cobre.

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Seguindo o rastro

Há um mês, 50 aparelhos de GPS foram instalados em peças localizadas em áreas públicas da cidade do Rio com maior incidência de furto de metal de cabos e monumentos. Outros 50 serão implantados, segundo o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale.

— Tenho uma equipe dedicada a fazer o monitoramento, e isso me dá uma leitura de para onde esse material está indo. Ainda vamos ter um impacto maior quando conseguirmos traçar o caminho (dos metais furtados) em algumas regiões e tomar medidas mais enérgicas, ainda este ano. Cenas para os próximos capítulos — avisa o secretário.

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Segundo Carnevale, essa é uma das formas de monitorar equipamentos, somando-se a câmeras instaladas em 15 monumentos, acompanhados 24 horas por dia, e ao patrulhamento. A estratégia com o GPS permitirá, de acordo com o secretário, “estancar o receptador” e, assim, encarecer o mercado, para que não seja tão lucrativo vender o material que dilapida o patrimônio público.

O mercado ilegal de metais no Rio desconhece unidades como metro e quilo. A dimensão do crime é de outra escala: entre janeiro de 2022 e o mês passado, foram furtados 1.015 quilômetros de fios da RioLuz e mais de 140 quilômetros de cabos e 194 controladores de sinais da CET-Rio — o cruzamento mais afetado, da Rua São Luiz Gonzaga com o Largo Pedro Lobianco, em São Cristóvão, coleciona 55 casos somente este ano. Já a Light calcula que foram 11,6 quilômetros de cabos furtados nos primeiros nove meses de 2023, o equivalente a quase toda a extensão da Ponte Rio-Niterói.

Fios furtados que foram apreendidos em operação da Seop — Foto: Divulgação / Seop

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Na última quinta-feira, a Polícia Militar divulgou a apreensão de 200 toneladas de cabos de telefonia numa operação do 5º BPM (Praça da Harmonia) nos morros Fallet, Fogueteiro e Coroa, no Rio Comprido e em Santa Teresa, uma das maiores já feitas no estado e classificada como “histórica” pelo governador Cláudio Castro. Em junho, a Secretaria de Ordem Pública (Seop) achou 20 toneladas de fios em Manguinhos.

Nas redes sociais, flagrantes se multiplicam. Há uma semana, chamou atenção o vídeo de um homem pendurado na fiação da Avenida Ministro Edgard Romero, em Madureira, tentando arrancá-la à luz do dia. O antropólogo Roberto DaMatta cita o fato de o Rio ter perdido o status de centro político e cultural do país como fator que pode influenciar no comportamento de destruição.

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— Era uma cidade especial. É preciso restaurar essa imagem — avalia DaMatta.

A primeira mensagem que o vândalo transmite, acrescenta DaMatta, é a de que ele não liga para quem usa determinado equipamento e para sua função. Ou seja, de descaso coletivo.

— Acho importante chamar a atenção para o Rio de Janeiro como coletividade. Para ter orgulho do Rio, tem que se orgulhar das escolas de samba, da produção cultural, das praias, do lazer. Mas você tem que cuidar. A raiz do vandalismo é a ausência desse pensamento coletivo — afirma o antropólogo.

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Maracanã tem oficina

Funcionários consertam cadeiras destruídas por vândalos no Maracanã — Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

Os metais estão longe de ser os únicos alvos de vândalos. No último dia 10, a Comlurb compartilhou o vídeo de um homem pendurado na porta de um ônibus, arrastando um contêiner laranja da companhia, cena que definiu como “de partir o coração”. Metade das 32 mil papeleiras (as lixeiras presas aos postes) da cidade precisou ser reposta ou trocada entre janeiro do ano passado e setembro deste ano, cada uma ao custo de R$ 149,77. A companhia também contabiliza mais de 15 mil ações para remoção das pichações do ano passado a setembro deste ano, o que custou R$ 73,9 mil.

As cadeiras do Maracanã não saem ilesas. Nos 127 jogos realizados de 2022 e até o último dia 11, foram mais de R$ 2,6 milhões gastos com a reposição dos 8.063 assentos danificados, que representam 11,5% da capacidade total do estádio, custo repassado aos clubes mandantes e a entidades de futebol. Segundo a administração do estádio, os danos causados por vandalismo são tantos que uma oficina precisou ser montada dentro da arena para recuperar o material depredado.

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A Comlurb também criou sua fábrica para reciclar o material danificado por vândalos. Um dos produtos criados na Aleixo Gary, em Campo Grande, é o “papão”, uma espécie de pá usada na varrição, feita a partir de papeleiras vandalizadas.

“Papões”: papeleiras vandalizadas são usadas como pás na varrição da Comlurb — Foto: Custodio Coimbra / Agência O Globo

O urbanista e arquiteto Sérgio Magalhães entende que deveriam ser incluídas como vandalismo outras atitudes desrespeitosas, “muitas vezes tratadas como algo sem maior gravidade”, como a ocupação de áreas públicas para atividades comerciais lícitas e ilícitas, ou de calçadas como estacionamento e por mesas e cadeiras em excesso:

— Tem um conjunto de práticas sociais que são permissivas e compreendidas pela sociedade, como um todo, como algo menor. No seu conjunto, constroem uma possibilidade de desrespeito do que é comum. O vandalismo se inclui nisso, porque é tratado de um modo mais ameno.

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Sociólogo da Uerj, Dario de Sousa e Silva também cita a “confusão” na percepção de que o que é público não pertence a ninguém, com o adendo de que o vandalismo se estende a todas as camadas sociais.

Escolas e cemitérios no alvo

Estátua de bronze do túmulo de Cláudio de Sousa foi furtada do cemitério São João Batista; no lugar da peça, só restaram os parafusos que a prendiam — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Escolas do município são ainda alvos de vândalos. Bangu e Jacarepaguá são os bairros com mais notificações, que incluem arrombamento de portas, janelas quebradas e brinquedos incendiados.

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Prejuízos do vandalismo — Foto: Editoria de Arte

E nem os mortos são deixados em paz. Uma estátua de bronze que pesava 120 quilos foi levada do túmulo de Cláudio de Souza, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, no início deste mês, no cemitério São João Batista, em Botafogo. No mesmo local, argolas de bronze do jazigo da cantora Clara Nunes foram furtadas em julho, assim como o portão — de mesmo material — do mausoléu do Marquês do Paraná, que pesava 70 quilos.

Procurada, a RioPax, que administra esse e outros cinco cemitérios públicos da cidade, não informou o número de atos de vandalismo. A Reviver, responsável por outros sete, informa não ter registros dessas ações.

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Entre os particulares, no Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, depois de 72 furtos de placas com molduras em bronze registrados no ano passado, a peça passou a ser oferecida em ferro, material com menor valor comercial. Mesmo com segurança 24 horas, ampliação do número de câmeras e instalação de cercas de segurança nos muros, também foram registrados furtos de jardineiras de túmulos.

Estratégias contra furtos

Medidas antivandalismo vêm sendo adotadas para dificultar a vida dos criminosos, e o concreto passou a ser um grande aliado. A Comlurb está testando o material em papeleiras no Méier e no Parque Madureira, enquanto a Secretaria de Envelhecimento Saudável o utiliza como base das academias da terceira idade. A RioLuz, por sua vez, concretou suas caixas de passagem de fios.

Comlurb testa papeleiras envoltas por concreto no Parque Madureira e no Méier; metade das 32 mil instaladas na cidade foram depredadas entre 2022 e 2023 — Foto: Divulgação / Comlurb

Outra prática tem sido a substituição de fios de cobre pelos de alumínio, material de menor valor comercial, como fazem a Light e a RioLuz/Smartluz. Já a CET-Rio solda as caixas onde os cabos são guardados e instala equipamentos mais no alto, além de garras antifurto em postes. Outro artifício foi trocar o bronze pela resina no busto do cantor Orlando Silva, na praça que leva seu nome, no Cachambi, na Zona Norte, que já tinha sido furtado duas vezes. O projeto-piloto, da Secretaria de Conservação, poderá ser levado para outras áreas da cidade.

Entre as concessionárias de água, a Águas do Rio intensifica o uso de hidrômetro sem metal. E a Iguá criou centros de controle e diz que, embora sofra com vandalismo, o furto de hidrômetros caiu de 190, em 2022, para cem, este ano.

Providências à parte, o problema se espalha pela cidade. E, com ele, todos perdem.

Funcionário da Prefeitura do Rio instala proteção em caixa de luz para evitar atos de vandalismo — Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio

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